O sol se ausenta
o tempo passa o canal
desse lado
o fascínio
neutraliza o ponteiro
muitas canções se formam
outras tantas desfilam
e anunciam o declínio da tarde,
que chegam aos ouvidos
e indicam veredas ocultas
num mundo ainda inexistente
ponte induzida a ser o fio
que conduz os passos
à próxima valsa
que espera um trovador
emaranhado em palavras
a zombar do abismo
abaixo da ponte
Ao acordar cruzei-me com uma borboleta disse-ela ela que, economizar sorrisos para o inverno é uma forma de implodir em si mesmo e que sem censura o sorriso atira-se-á ao futuro como a semente de uma frutífera árvore e na colheita, prevista para o inverno poderemos desfrutar mais intensamente do nectar do fruto-entusiasmo um bom fortificante para cruzar desertos em períodos gélidos.
não tão satisfatório
meio deliberado e não inspirado
veio a mim esse poema forjado
moldado
à moda editado
desnudo e mudo, mudado
não dizia nada mundano
jazzia o estio musicado
na estação continua
lua oculta o olho
meu amarelo cheio
fúlgida pousa sobre núvem
Céu seu azul confunde
o sol a raio
menor pousa em texto
copta mente
adiante
antes que chegue
o conceito grande
e ela abriga em seu grito[seio]
o belo risco
apaga imposto
ou será o posto
ponto de discórdia,
oposto
entre madruga fresca
e batida da palpebra:
benvindo o léxico
A patrulha apura enquanto entulho roga a praga ao muro duro ego eu urro apático ao olho surdo servil entôa curso grama ática al gema es cravo acata lé xi co sem nexo desconexo espectro
A Lua estende-se ao longo da costa quando não mostra seu lado noir
o mesmo mar que carrega a lua a noite
confronta a coléra humana
com sua fúria
musíca nossa impossibilidade de abraçá-lo
enquanto dissimulamos o competitvo em nós, de admiradores
-isso por saber que em suas profundezas
cheias de supremacia -assim, como disse Lautremont -
segredos os quais julgamos conhecer
se restringem a suposições ou consenso de cegos
pura retótica pra justificar a inferioridade frente ao mar.
O Que nos conforta é a hipnose da lua refletida em suas propriedades em nossos olhos
O resto?
sentenças
pra formar elegias http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5230420
Tímido o gesto atirou-se
contra o corpo adiante
En face
ao fixo e destemido olhar
scaneava a alma a divinhar:
- poeta ? -amante ?
de que mundo viria à criatura ?
Com um furor imaginado
a aposta antecipa o tempo
rasga as prosas preliminares
e o possível é concreto
num sonho efemero
porém
é alcançado o momento seguinte
e o real
é postergado
a espera é o hiato
disfarçado de virtude
enquanto a busca pelo aedo segue incesssante
Ao caos canto e saio
mito dançando em círculo postergo o pranto
feito aedo, o inzoneiro entorno encanto
enquanto danço ao sol, me suborna um raio
Paródia do canto corrompendo o conto
ávido, num salto o riso tomo de assalto
Leasing(leasing )Jimi Hendrix - Third Stone From The Sun
Atire acordes em nossos uvidos e pedras quentes no gelo, dançaremos em rituais paganizados chamando o sol, afirmando a beleza do raio, do porvir em primavera.
março traz consigo astro, sacia o raio
escapa ao galho o brilho em seu ensaio
quando passa em fresta
à pele chega em festa
discreto, cruzou janeiro a frio o parco
Ávido retornou, brando levando fogo ao riso
solenemente trouxe um abismo de luz altivo
e suprimiu do corpo pálido o estio solar num traço
Projetamos os descaminhos em pequenos filmes em poemas inconscientemente em sonhos indecifráveis mas que são desejos profundos cujo tempo os corrói. E saber disso traz um certo desconforto mesmo que tenhamos auxílios de religiões verdades cinetíficas, ou segurança filosófica. Mas eu Kalik, sou homem de deserto, como dizia Nietzsche, sempre abriguei e ainda abrigo desertos em mim. Minha alma atravessou muitas solidões e é testemunha de empirias abissais, aprendeu a converter todas essas travessias em poesia em pequenos saltos, que pintamos, que cantamos. Eis a vida complexa, e insaciável. Ser apenas o que somos é pouco, queremos sempre dançar sob luares, queremos a divindade.
Ha sempre beleza na espontaneidade dos encontros, e há mais ainda quando fogo dionisíaco é comum.
A vida sorri além do automatismo e logo tornamo-nos desobedientes dos regulamentos de deuses deuses avessso à dança, e ortodoxos.
É triste quando a espontaneidade desses encontros se perdem na burocracia dos joguetes ou da moral de recalce.
A poética do gesto que amolece e torna dançante corpos ébrios, livres de sentenças e ultimatos, girando em torno do que lhes apraz,
em torno de um sorriso de uma lua que brilha além de qualquer narcisismo ou hedonismo.
Pois, evocemos os encontros sob luares em rituais tribais fora de toda a domesticação estéril, fora da sensatez burguesa, pois,
afinal este mundo é mundo porque o concebemos como tal, e cabe a nós rasgar o protocolo e fazer da vida um ritornelo,
uma espiral que inspire-nos a viver e ser o ente poético, elan vital e não burocratas dos encontros forçados fatiados e fatigantes.
Onqotô: Espetáculo de dança que marca a terceira década do Grupo Corpo
Belíssimo espetáculo de 30 anos do Grupo Corpo, com a linda trilha sonora de Caetano Veloso. Como nosso tema, é a poesia, que vai além das palavras e transbrda essa atmosfera e se manifesta em tantas outras formas, mostraremos duas delas, uma é expressão corporal dos dançarinos do Grupo Corpo, e a outra, a perfórmance de Caetano.
Na oração, que desaterra … a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado … dado, Pregue que a vida é emprestado … estado, Mistérios mil que desenterra … enterra.
Quem não cuida de si, que é terra, … erra, Que o alto Rei, por afamado … amado, É quem lhe assiste ao desvelado … lado, Da morte ao ar não desaferra, … aferra.
Quem do mundo a mortal loucura … cura, A vontade de Deus sagrada … agrada Firmar-lhe a vida em atadura … dura.
O voz zelosa, que dobrada … brada, Já sei que a flor da formosura, … usura, Será no fim dessa jornada …
nada.
Composta por: José Miguel Wisnik / Gregório de Matos
vaga vaga
o mais velho vaga bundo
Vaga lume
sobre pontes
capta a vento
susta a fonte
no canal
o reflexo é urânio
enriquecido
Saint Martin
feito em guia
o ontológico é esquecido
abrirão-se as bocas da noite no domingo
enquanto esperam, as horas pingando em regresso
a areia extrapola a ampulheta em excesso
olhos no escuro a olhar os pilares ruíndo
à busca se lançam o futuro
um nova e esperada notícia[cética] ronda à insônia
o não amíude é ultimato
de um encontro chocado no muro
Pobre grito podre texto
pretérito pretexto
pobre desleixo torpe desfecho
dicotômico eixo deste arremeço
deixo o preto enfrente o feito
marco o trecho
desdenhoso desde o feito