domingo, 6 de dezembro de 2015

Os encantos do fogo vespertino



O sol se ausenta
o tempo passa o canal
desse lado
o fascínio
neutraliza o ponteiro
muitas canções se formam
outras tantas desfilam
e anunciam o declínio da tarde,
que chegam aos ouvidos
e indicam veredas ocultas
num mundo ainda inexistente
ponte induzida a ser o fio
que conduz os passos
à próxima valsa
que espera um trovador
emaranhado em palavras
a zombar do abismo
abaixo da ponte



domingo, 22 de novembro de 2015

os traços do seu pincel gesticulando em meus labios


Ainda tenho os traços do seu pincel
gesticulando em meus labios
enquanto balbucio
odes a Afrodite e Eurídice

Minha ingenuidade é dependente
de teu peito inzoneiro
assim como a noite
depende da inoscência de seus amantes

quem entre aedos
não olha seu interior
em busca dos acordes da flauta d'Orfeu ?

Desvia-se o gozo
no instante em que a navette
atioa suas luzes na tela
e o nu contrasta a expressão
capturada no gemido
que vôa entre o cheiro do desejo
e as vibracõees de take five Brubeck
As cores insistem em dançar
nas lembranças dessas artes

Os olhos inexpressivos de Voltaire
não compreendem o calor da tinta que o avizinha
assim como as transeuntes das nove pontes
não suportariam a potência dum nao escondido no futuro



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Evocando o sorriso

Ao acordar cruzei-me com uma borboleta 
disse-ela ela que, 
economizar sorrisos para o inverno 
é uma forma de implodir em si mesmo 
e que sem censura 
o sorriso atira-se-á ao futuro 
como a semente de uma frutífera árvore 
e na colheita, prevista para o inverno
poderemos desfrutar mais intensamente 
do nectar do fruto-entusiasmo
um bom fortificante
para cruzar desertos em períodos gélidos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

poema forjado




não tão satisfatório
meio deliberado e não inspirado
veio a mim esse poema forjado
moldado
à moda editado
desnudo e mudo, mudado
não dizia nada mundano
jazzia o estio musicado
na estação continua

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

apaga imposto ou será o posto ponto de discórdia, oposto

âncora espelhada(Concarneau)






 lua oculta o olho
meu amarelo cheio
fúlgida pousa sobre núvem
Céu seu azul confunde
o sol a raio
menor pousa em texto
copta mente
adiante
antes que chegue
o conceito grande
e ela abriga em seu grito[seio]
o belo risco
apaga imposto
ou será o posto
ponto de discórdia,
oposto
entre madruga fresca
e batida da palpebra:
benvindo o léxico


http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5336231

sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Sol se perde no horizonte

O Sol se perde no horizonte
quer o céu tornar-se a via
o passado o futuro adia
com a chegada do presente
este dia se faz fonte

Quem não olha adiante nega
o belo raio esbanjante
no espelho que carrega este riso irradiante
reflete e derrete a algria que não prega

Abraçar núvens dissipadas
e contemplar o mar
quando chega a trégua
acalmar o raio prometido
de uma tarde ensolarada

a dor se soçobra no degelo e nada
nos ventos do acaso
desvia o fado inventado,

para galagar essa jornada


http://www.recantodasletras.com.br/letras/5314687


quinta-feira, 25 de junho de 2015

roga a praga ao muro

A patrulha apura
enquanto entulho
roga a praga ao muro
duro ego eu urro
apático ao olho surdo
servil entôa curso
grama ática
al gema
es cravo
acata
lé xi co
sem nexo
desconexo
espectro

sábado, 20 de junho de 2015

Trouxe o vento, risos distantes

Trouxe o vento, risos distantes
com os risos paisagens e sons
vieram com o sonho, as núvens
as formas abstratas
do ubre das terra o gozo
da vida o segredos dos anjos
das canções,amantes suicidas
das noites brilhos ocultos e incompreensíveis
nas ruas o cinza sem galhos tortos
no reflexo dos rios desviam as aves nadadoras
e eu, imóvel impávido
retorno à própria imagem
espelhada nas água do canal
atônitos, ao lado
jovens pálidos brindam o paganismo
e a iconoclastia presente nos gestos
ja o canto segue
navega, transborda
e trasmuta



segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Lua estende-se ao longo da costa

A Lua estende-se ao longo da costa
quando não mostra seu lado noir o mesmo mar que carrega a lua a noite confronta a coléra humana com sua fúria musíca nossa impossibilidade de abraçá-lo enquanto dissimulamos o competitvo em nós, de admiradores -isso por saber que em suas profundezas cheias de supremacia -assim, como disse Lautremont - segredos os quais julgamos conhecer se restringem a suposições ou consenso de cegos pura retótica pra justificar a inferioridade frente ao mar. O Que nos conforta é a hipnose da lua refletida em suas propriedades em nossos olhos O resto? sentenças pra formar elegias


http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5230420




sexta-feira, 24 de abril de 2015

A sonata dos lábios fora concebida quando cessou a cena

O Retorno de Perséfone de Frederic Leighton (1891)


atômos chocaram-se
ao som da batida daqueles lábios 
Com a maciez de um amarone
-transeunte num paladar outrora extraviado.
A sonata dos lábios fora concebida quando cessou a cena
o som ao redor
no ato do abraço
o passo seguinte
pausado
assim como o tempo
suspenso
restou o espaço para a batida das pálpebras
onde se escondiam aqueles olhos flamejantes
durante o sono
olhos que carregavam vulcões e desertos
furor,
e uma cumplicidade com profanos horizontes
Estava evidente o intenso aroma da eternidade
que acabaria minutos depois
mas deixaria na memória
desse encontro
sem contrapartida
a possibilidade d'outro
o tanino e amargo do chocolate
Cada labirinto pela sonata induzido
e a espera do jazer da noite




http://www.recantodasletras.com.br/letras/5218668

quinta-feira, 23 de abril de 2015

rasga as prosas preliminares e o possível é concreto num sonho efêmero



Tímido o gesto atirou-se
contra o corpo adiante
En face
ao fixo e destemido olhar
scaneava a alma a divinhar:
- poeta ? -amante ?
de que mundo viria à criatura ?
Com um furor imaginado
a aposta antecipa o tempo
rasga as prosas preliminares
e o possível é concreto
num sonho efemero
porém
é alcançado o momento seguinte
e o real
é postergado
a espera é o hiato
disfarçado de virtude
enquanto a busca pelo aedo segue incesssante


http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5217985

domingo, 5 de abril de 2015

enquanto danço ao sol me suborna um raio




Ao caos canto e saio
mito dançando em círculo postergo o  pranto
feito aedo, o inzoneiro entorno encanto
enquanto danço ao sol, me suborna um raio
Paródia do canto corrompendo o conto
ávido, num salto o riso tomo de assalto





http://www.recantodasletras.com.br/trovas/5195768

terça-feira, 31 de março de 2015

Uma frase para Hendrix




Leasing(leasing )Jimi Hendrix - Third Stone From The Sun


Atire acordes em nossos uvidos e pedras quentes no gelo, dançaremos em rituais paganizados chamando o sol, afirmando a beleza do raio, do porvir em primavera.




segunda-feira, 30 de março de 2015

terça-feira, 24 de março de 2015

escapa ao galho o brilho em seu ensaio





     março traz consigo astro, sacia o raio
     escapa ao galho o brilho em seu ensaio
    quando passa em fresta
    à pele chega em festa
    discreto, cruzou janeiro a frio o parco
    Ávido retornou, brando levando fogo ao riso
    solenemente trouxe um abismo de luz altivo
    e suprimiu do corpo pálido o estio solar num traço





   http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5182027

quarta-feira, 18 de março de 2015

Nietzsche (Das Canções do Príncipe Livrepássaro.) No Sul





























"No Sul

Eis-me suspenso a um galho torto
E balançando aqui meu cansaço.
Sou convidado de um passarinho
E aqui repouso, onde está seu ninho.
Mas onde estou? Ai, longe, no espaço.
O mar, tão branco, dormindo absorto,
E ali, purpúrea, vai uma vela.
Penhasco, idílios, torres e cais,
Balir de ovelhas e figueirais.
Sul da inocência, me acolhe nela!
Só a passo e passo
| – é como estar morto,
O pé ante pé faz o alemão pesar.
Mandei o vento levar-me ao alto,
Aprendi com pássaros leveza e salto –
Ao sul voei, por sobre o mar.
Razão! Trabalho pesado e ingrato!
Que vai ao alvo e chega tão cedo!
No voo aprendo o mal que me eiva –
Já sinto ânimo, e sangue e seiva
De nova vida e novo brinquedo...
Quem pensa a sós, de sábio eu trato,
Cantar a sós – já é para os parvos!
Estou cantando em vosso louvor:
Fazei um círculo e, ao meu redor,
Malvados pássaros, vinde sentar-vos!
Jovens, tão falsos, tão inconstantes,
Pareceis feitos bem para amantes
E em passatempos vos entreter...
No norte amei – e confesso a custo –
Uma mulher, velha de dar susto:
“Verdade”, o nome dessa mulher.

Im Süden
So häng’ ich denn auf krummem Aste
Und schaukle meine Müdigkeit.
Ein Vogel lud mich her zu Gaste,
Ein Vogelnest ist’s, drin ich raste.
Wo bin ich doch? Ach, weit! Ach, weit!
Das weisse Meer liegt eingeschlafen,
Und purpurn steht ein Segel drauf.
Fels, Feigenbäume, Thurm und Hafen,
Idylle rings, Geblök von Schafen, —
Unschuld des Südens, nimm mich auf!
Nur Schritt für Schritt
| — das ist kein Leben,
Stets Bein vor Bein macht
| deutsch und schwer.
Ich hiess den Wind mich
| aufwärts heben,
Ich lernte mit den Vögeln schweben, —
Nach Süden flog ich über’s Meer.
Vernunft! Verdriessliches Geschäfte!
Das bringt uns allzubald an’s Ziel!
Im Fliegen lernt’, ich, was mich äffte, —
Schon fühl’ ich Muth und Blut und Säfte
Zu neuem Leben, neuem Spiel…
Einsam zu denken nenn’ ich weise,
Doch einsam singen — wäre dumm!
So hört ein Lied zu eurem Preise
Und setzt euch still um mich im Kreise,
Ihr schlimmen Vögelchen, herum!
So jung, so falsch, so umgetrieben
Scheint ganz ihr mir gemacht zum Lieben
Und jedem schönen Zeitvertreib?
Im Norden — ich gesteh’s mit Zaudern —
Liebt’ ich ein Weibchen,
| alt zum Schaudern:
„Die Wahrheit“ hiess dies alte Weib…"









segunda-feira, 9 de março de 2015

Carta aos Deuses II

Escher


Projetamos os descaminhos em pequenos filmes em poemas 
inconscientemente em sonhos indecifráveis
mas que são desejos profundos cujo tempo os corrói.
E saber disso traz um certo desconforto mesmo que tenhamos auxílios de religiões verdades cinetíficas, ou segurança filosófica. Mas eu Kalik, sou homem de deserto, como dizia Nietzsche, sempre abriguei e ainda abrigo desertos em mim. Minha alma atravessou muitas solidões e é testemunha de empirias abissais, aprendeu a converter todas essas travessias em poesia em pequenos saltos, que pintamos, que cantamos. Eis a vida complexa, e insaciável. Ser apenas o que somos é pouco, queremos sempre dançar sob luares, queremos a divindade.



http://www.recantodasletras.com.br/cartas/5163682



sexta-feira, 6 de março de 2015

Rasgou o céu num verso

Van Gogh Turbulence


























Rasgou o céu um verso
envolto em cores trouxe adorno à trova
intenso, silenciosamente sutil, gritou o incerto
solenemente, murmurou no ouvido do infinito
quando o dia aflorou 
a palavra renovou o gesto e jamais  se desgastou
transcendeu o flúido fruto do belo ardente
floresceu caminhos e esbanjou em rastros
trouxe a chama profunda da embriguez ao acaso
fez transbordar a incoerência da métrica
o lirismo seguiu na trasnversal
buscando uma colisão com o insaciável







http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5163671

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Carta aos deuses



Ha sempre beleza na espontaneidade dos encontros, e há mais ainda quando fogo dionisíaco é comum.
 A vida sorri além do automatismo e logo tornamo-nos desobedientes dos regulamentos de deuses deuses avessso à dança, e ortodoxos.
É triste quando a espontaneidade desses encontros se perdem na burocracia dos joguetes ou da moral de recalce.
A poética do gesto que amolece e torna dançante corpos ébrios, livres de sentenças e ultimatos, girando em torno do que lhes apraz,
em torno de um sorriso de uma lua que brilha além de qualquer narcisismo ou hedonismo.
Pois, evocemos os encontros sob luares em rituais tribais fora de toda a domesticação estéril, fora da sensatez burguesa, pois,
afinal este mundo é mundo porque o concebemos como tal, e cabe a nós rasgar o protocolo e fazer da vida um ritornelo,
uma espiral que inspire-nos a viver e ser o ente poético, elan vital e não burocratas dos encontros forçados fatiados e fatigantes.











sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sob a ponte havia um abismo

              
Van Gogh - Langlois-Bridge






















                     
                     




 Sob a ponte havia um abismo
Eu sobe o abismo caminhava, caminho
No caminho os muros, nos muros os medos
nós, nos medos, muros
sobre os muros, abismos
A ponte, palavras oriundas do abismo
As palavras, labirintos, luz
Luz que me cega e me eleva, me leva
Pra sobre o abismo eu passar

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mortal Loucura

Onqotô: Espetáculo de dança que marca a terceira década do Grupo Corpo
Belíssimo espetáculo de 30 anos do Grupo Corpo, com a linda trilha sonora de Caetano Veloso. 
Como nosso tema, é a poesia, que vai além das palavras e transbrda essa atmosfera e se manifesta em tantas outras formas, mostraremos duas delas, uma é expressão corporal dos dançarinos do Grupo Corpo, e a outra, a perfórmance de Caetano.


Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.
Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra.
Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.
O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada …
 nada.
Composta por: José Miguel Wisnik / Gregório de Matos




quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Saint Martin feito em guia, o ontológico é esquecido

vaga verme
noite a frio
haja mundo

vaga vaga
o mais velho vaga bundo
Vaga lume
sobre pontes
capta a vento
susta a fonte
no canal
o reflexo é urânio
enriquecido
Saint Martin
feito em guia
o ontológico é esquecido


sábado, 17 de janeiro de 2015

no espelho que carrega este riso irradiante

O Sol invadindo Espaços Entre OS Galhos


O Sol se perde no horizonte
quer o céu tornar-se a via
o passado o futuro adia
com a chegada do presente este dia se faz fonte

Quem não olha adiante nega
o belo raio esbanjante
no espelho que carrega este riso irradiante
reflete e derrete a algria que não prega

Abraçar núvens dissipadas
e contemplar o mar trégua
acalma o raio prometido de uma tarde ensolarada

a dor se soçobra no degelo e nada
nos ventos do acaso

desvia o fado invejtado, para galagar essa jornada







quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

a areia extrapola a ampulheta em excesso

waiting 25 weeks for a sofa = waiting for Gadot


abrirão-se as bocas da noite no domingo
enquanto esperam, as horas pingando em regresso
a areia extrapola a ampulheta em excesso
olhos no escuro a olhar os pilares ruíndo
à busca se lançam o futuro
um nova e esperada notícia[cética] ronda à insônia
o não amíude é ultimato
de um encontro chocado no muro

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

tende o ensejo a virar mote




                                        noite branca note o muro
                                        noutra nota sangra o escuro
                                        transcende o acento o olho ardente
                                        silêncio atado indica um corte
                                        à cena um beijo, perde o norte
                                        tende o ensejo e virar mote







terça-feira, 6 de janeiro de 2015

pretérito pretexto

Grafite perto do Pompidou - Paris
Pobre grito podre texto
pretérito pretexto
pobre desleixo torpe desfecho
dicotômico eixo deste arremeço
deixo o preto enfrente o feito
marco o trecho
desdenhoso desde o feito