segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

em suas elegias, teus lábios lapida Érato

Sim: negue- me o desejo à boca dar-me-a sedenta vai ao beijo ao silêncio um jazz em suas elegias, os teus lábios lapida Érato em seus verbos a cada dia a beber o frescor do hálito nu que no espelho irradia o sol em teus olhos faz-me: ser em dois cúmplices corpos o futuro a beber negue- me o desejo negue- me o desejo



Rafael Cão - Sem titulo, São Paulo - Brasil 2012


sábado, 10 de dezembro de 2016

julgaram-me um desatino

Acordei de mal com o mundo
discordei do sensato
acordei-me vagabundo
conclamei-me povo
devaneei - me estorvo
e julgaram-me um desatino.

Conjugava o céu
sem sentido e sem destino
voava na febre do mundo
e saltava raios,
almejando um fim
em riso puro
e sem rumo
na pele do eu menino






quarta-feira, 23 de novembro de 2016

na cuca da mutuca

mu queca avulsa
fuxico embuxa asa
cutuca  moita a multa
muvuca palavra busca
Curruta a poética puxa
mu cuca move a nuca
palavra inculta o nove ofusca
prova a rosa brusca
Multiculta prosa posta
à bosta aposta oculta
na cuca da mutuca
muvuca muca vulva
muvuca puxa
muvuca
mu vu ca

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Malgré le ciel blessé par ces regards tranchants

Querido clarão lunar cintilante em teus olhos,
«mon mystère profond»
viens danser avec les vents et les étoiles.
Malgré le ciel blessé par ces regards tranchants,
Escorregemos, nesse ar comovido!
Viens voir «el secret spot»,
o universo na potência de um riso...
Mas a condição é,
que preserve o
inalterado em teu coração
quando desabrocharem singelas alegrias,
assim tornar-se-á semente
de canções pra futuros amantes.
«Mon mystère profond»
une chanson confidenciou-me:
-eres um miestério de medo!
disse me que soube em outra vida
que os amantes de Paris
são pura vida,
poemas, pinturas em movimento.
Cada desenho sussurra
enquanto beijam-lhe a orelha
os encantos desse perigo oculto nos encontros.
Amor e juventude se abraçam
alma e canção
se encontram e extraviam-se
na atemporalidade dos orgasmos



segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O espelho que reflete a estrada no horizonte

tantos invernos em dois, se passaram
e os ventos continuam a trazer canções
amiude
os sóis de primavera
fertilizam nossos sentidos
apesar dos infortúnios em prantos gélidos.
O espelho que reflete  a  estrada no horizonte
ainda que disforme
nos mantem ser,
dissipado em pequenos risos.
Cruzo risos sobre pontes
curvas desses rios
abissais e frios
esperando o novo dia de sol




domingo, 2 de outubro de 2016

Eros lero lírico

prima parte
pro sol vermelho
parte se em odes à tarde
os olhos aprazem espelhos
Eros lero lírico
verbos gastos
na língua nova
renovam-se em prosa

sábado, 27 de agosto de 2016

Tardi a mensagem

Tardi a mensagem
A dia
O minuto enfermo
Diria
O ensejo:
Je kiffe na folia
Se Cintilasse o fogo interno
O inverno não viria



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

nos seios dos solstícios(dançando com os espíritos)

ah esses espíritos que nos rondam e nos induzem
à danças
onde odes e cabelos flamejantes tornam-se motes,
as mãos tocam nas cordas
como se tocassem pubis.
Os induzidos se perdem nos nortes
ainda ausentes
frementes loucos praguejam seus delírios
sons e bocas se perdem
no no sublime silêncio.
Eros, Orfeu e Dionysus
se encontram sem aviso
o porvir promete
gargalhadas solares
danças e êxtases
nos seios dos solticios


sábado, 2 de julho de 2016

Sorrir é antes um evento que semeia vento

Se por ventura
estivesse eu
soçobrado em olhares e palavras,
ou fosse induzido a escolher
entre agir e sorrir,
escolheria o riso
mas evitaria,
o dever da escolha.
pois, sorrir é antes
um evento que
semeia vento;
agir é rir quando
o fim é sorrir;
Escolher empregar o verbo
no riso,
ainda
que indeciso,
é risco.
Entre os riscos
escolho,
ao vento agarrar-me
apos emergir









segunda-feira, 13 de junho de 2016

n'outras tantas anunciadas noites

caminho delicado do paraiso: teu corpo claro e macio cúmplice desse sol ausente e x p l o d i n d o quando em cores presente evidencia o fogo escondido nos gemidos teus que escondem-se nos acordes do silêncio hospedado no seio de cada encontro
Exorcisa os teus seios à boca minha enquanto o liquido salpicado oriundo do teu êxtase transcendental
como uma nascente chega à boca minha
sacia essa sede que debalde retornara n'outras tantas anunciadas noites

segunda-feira, 16 de maio de 2016

nas curde morgan

esse rebolado igênuo e desconcertado
evoca labirintos a serem visitados ;
em suas margens me extravio
quero viver embriagado
do nectar deses rubros labios untados
pelos beijos do vento adocicado.

Antecipo, ao sentir na sincronia desritimada
desse teu samba
as veredas desse édem a ser desvendado
sob os sons das maracas
em giros frenéticos.
Brindamos o giro envoltos ao sopro eloquente
do Dionisio iminente
e exilado, do seu eu dissidente 

domingo, 15 de maio de 2016

estes céus feridos por olhares perdidos

Atônitos nos deixam estes estes céus
feridos por olhares perdidos
a julgar suas proporções.
Imaginam estes extraviados
que atrás destes horizontes
onde a timidez esconde o sol,
lugar inalcançável aos olhos,
onde talvez, 
apenas o desejo de la estar,
de alcançar os confins d'estes platôs
indiferentes às nossas existências,
os alcancem



quinta-feira, 5 de maio de 2016

Danço em valsas caóticas sob rés


Grupo Corpo Onqotô




Fora dos mares remotos
Sigo caminhando com a ponta dos pés
Dançando em valsas caóticas sob rés
menores são os maremotos
Nesses platôs onde os montes indicam a trilha
mote que em corpo destila
Segundo torpe
Labiríntico olhar de archote
Já me entrego logo ao vento
À espera dum rumo, um norte
Cruzo estrelas cintilantes que evitam beijar o tempo








segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entres as pernas da eternidade


...e, vivemos a semear doces ilusões, danças e um amor surreal que morre e renasce em outros chãos, sob diferentes sóis, sob diferentes formas e em condições adversas. Entre as pernas dessa eternidade que dura uma madrugada regada a vinho, poesia e delírios, adormecemos e so despertamos quando as flechas selvagens do sol invadem nossos poros.



domingo, 27 de março de 2016

transeunte dum silëncio indomavel







Fui transeunte dum silëncio indomavel
ao passo que buscava amparo em raios
o sol,
apatico
extraviava se em meus olhos ávidos de fogo
mas nenhuma gota me seguia
apenas o anuncio tímido da primavera
confirmando minha boa suspeita
de que o horizonte onde nos encontraremos
se aproxima