quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Casa Da mentira - de neubauten


A casa da mentira

Primeiro andar:
Aqui vivem os cegos
que acreditam no que vêem
E os surdos
que acreditam no que ouvem
Atado a um banquinho de cozinha
está sentado um Louco
que acredita em tudo que pode tocar
(suas mãos estão no colo)

Segundo Andar:
Papel por papel
Trilha por trilha
Revestida de fibra áspera
Nos corredores às voltas, estão os locatários
observando as paredes atentamente
procuram nelas trilha por trilha
Em direção à estampa – e erros ortográficos
Não poderiam nem seus nomes decifrar.

Acima, no próximo andar:
O qual? oh que maravilha! Nunca é concluído.
Obra em constante construção constante
Legolegolegolegolego lego lego
Apenas pela escadaria pode ser alcançado
aqui estocam os erros que pertencem à firma
com os quais eles ladrilham os pisos
nos quais ninguém pode pisar.

Quarto Andar:
Aqui mora o arquiteto
Absorto em seu projeto
Esse edifício cheio de idéias
vai de fundação até firmamento
e da fundação até a firma

No térreo
encontram-se quatro portas
que conduzem diretamente às livres
ou melhor, à pedra fundamental
Aí pode esperar quem queira
Ao meio dia chega cimento
Deitar na pedra fundamental!
Marchas de pensamentos são anuladas
Na altura da cabeça bostamente
infamemente ou católica roxamente
para a melhor orientação.

Cobertura:
Ela tem uma avaria
No telhado está sentado um homem velho
Sobre o chão, anjos mortos espalhados
E suas faces são semelhantes à dele
Entre os joelhos segura um fuzil
Ele aponta em sua boca
E no crânio
E através do crânio
E do crânio para fora
No cume do telhado
Penetra o tiro
Deus atirou em si
Uma cobertura é construída
Deus atirou em si
Uma cobertura é expandida
Deus atirou em si
Uma cobertura é ampliada
(barulho, muito barulho de vidros estilhaçados)

Subsolo:
Isto é um porão
Aqui eu vivo
Isto aqui é escuro
Úmido e agradável
Isto aqui é um colo.
(silêncio)

Blixa Bargeld – vocalista neubauten

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Da tristeza que da tarde cinza - Imagem - pinturta de Cezane



Aqui, neste dia em seu interior outra vez castigado pela cólera silenciosa
e pelo temor da ausência de vida que me assola;
permaneço mais frio que um pedaço da sibéria no auge de seu inverno,
tento chorar, mas as lágrimas recusam-se a saltar dos olhos meus.

O que fazer? se entregar-me à calmaria que seria a estabilidade
ameaçada pelas contradições dos pactos quebrados.
punição de si para si?
primeira ou terceira pessoa, narração ou dissertação das horas resingadas em indiferença
à totalitária realidade ?

a força vem, mas a vulnerabilidade sobressai- se além do previsível.
Ó doce outono que se recusa a sssumir sua estação, se cansa de transportar
tantas emoções num curto espaço e tão longue de suas reais possibilidades.
ó pobre e sublime doçura, volte a reinar nesta existência perturbada e controversa,
aniquile a eperança, e erga o castelo da felicidade e da intensidade dos recortes
com sabor indefinido de bom.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

óooh belo guarda-chuva - Imagem de Isadora Ferraz


óoóóóóóoh ... belo gurda chuva-azul,
com tuas abas transportadoras de vida,
faz-me colar às cores
que pintam as paisagens aniquiladas
pela vontade de visão reactiva,
cujos efeitos cortam o querer
enxergar a poesia com o belo.
O beber da aurora que
desperta o sonho pausado
em dias de neve e entrega
inteira ao marasmo,
tudo isso, é passado
e memória do rompimento,
da superação do medo:
de si, de charfudar-se nos recortes
do que denominamos felicidade,
mesmo que o denominar seja,
em primeira pessoa,
Para fixar a idéia de que
a obra é aberta, deixando espaço
para a contínua poesia,
letenteio o fascínio pela
artista que arrancou
tais palavras, exerceu
um poder e furou o muro,
erguido pelas tatuagens
da vida.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

os impulsos que não são instinto, mais impulsos de aniquilação gradativa que outros jamais, no campo...


sem pé nem cabeça e membros ativos
sigo em várias pessoas fragmantadas,
e muitos fragmentos aniquilados em
momentos de destilação de emoções
reativas que icólumes vencem a batalha
do cotidiano malvado
que torna essa existência uma
tragédia ao estilo das novelas
russas.
isso, é parte de uma influência
Cioranense, ao proclamar
que ecrever é como terapia
quando o controle some
da razão, no quezito
controlar os impulsos que
não são instinto, mais impulsos
de aniquilação gradativa
que outros jamais, no campo
do aparente, entenderão.
Mas vos digo que o que aqui
está escrito, não passa perto
do que de fato é o que o agente
testumunhador via escrita
vos fala. Nada do que é sensível
é expressado de forma íntegra
e leal.