sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Carta aos deuses



Ha sempre beleza na espontaneidade dos encontros, e há mais ainda quando fogo dionisíaco é comum.
 A vida sorri além do automatismo e logo tornamo-nos desobedientes dos regulamentos de deuses deuses avessso à dança, e ortodoxos.
É triste quando a espontaneidade desses encontros se perdem na burocracia dos joguetes ou da moral de recalce.
A poética do gesto que amolece e torna dançante corpos ébrios, livres de sentenças e ultimatos, girando em torno do que lhes apraz,
em torno de um sorriso de uma lua que brilha além de qualquer narcisismo ou hedonismo.
Pois, evocemos os encontros sob luares em rituais tribais fora de toda a domesticação estéril, fora da sensatez burguesa, pois,
afinal este mundo é mundo porque o concebemos como tal, e cabe a nós rasgar o protocolo e fazer da vida um ritornelo,
uma espiral que inspire-nos a viver e ser o ente poético, elan vital e não burocratas dos encontros forçados fatiados e fatigantes.











sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sob a ponte havia um abismo

              
Van Gogh - Langlois-Bridge






















                     
                     




 Sob a ponte havia um abismo
Eu sobe o abismo caminhava, caminho
No caminho os muros, nos muros os medos
nós, nos medos, muros
sobre os muros, abismos
A ponte, palavras oriundas do abismo
As palavras, labirintos, luz
Luz que me cega e me eleva, me leva
Pra sobre o abismo eu passar

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mortal Loucura

Onqotô: Espetáculo de dança que marca a terceira década do Grupo Corpo
Belíssimo espetáculo de 30 anos do Grupo Corpo, com a linda trilha sonora de Caetano Veloso. 
Como nosso tema, é a poesia, que vai além das palavras e transbrda essa atmosfera e se manifesta em tantas outras formas, mostraremos duas delas, uma é expressão corporal dos dançarinos do Grupo Corpo, e a outra, a perfórmance de Caetano.


Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.
Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra.
Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.
O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada …
 nada.
Composta por: José Miguel Wisnik / Gregório de Matos