quinta-feira, 21 de abril de 2011

Odé à Maré


a maré mansa surgiu, encantou,
trouxe consigo uma brisa, trouxe um sorriso,
um sorriso que me beijava os olhos,
suas mãos, suaves, doces,
e com aroma intenso de eternidade,
suspendia o tempo,
através de um singelo gesto,
trouxe a potẽncia, na livre expressão,
na dança silenciosa.

maré que banha a lua,
se inclina no mundo,
leva a primavera, adorna o cinza do inverno.
Desfaz-se o dia, e aurora brinda sua ascensão,
o levitar do espírito.
Distante terrenamente,
perto de alma, de memória e presença.

domingo, 3 de abril de 2011

acorde irreal


coração de asas nômades,
as moscas insistem em rodear teu sorriso,
mas ja conheceste os taninos de cada pinot noir,
a ardor de cada final,
a dança interrompida quando o pulsar ainda é constante,
a marcha das borboletas
rumo a um império no nada,
As correntes de ar
que aos olhos, trazem venenos
da fumaça e do desencanto da vida urbana.
coração de asas nômades,
salta de noite em noite,
a procura de um peito conveniente,
coração louco, entre a espada e a luxúria,
entre a tarde e a calmaria colérica
do amanhecer ainda incógnito,
ó tu, vá buscar uma canção que estabilize,
dentro desse platô, nesse pântano,
e ao cantar respire esse meio,
esse crepúsculo que talvez seja medonho,
guerreie em nome das mais hediondas emoções,
corra ao abismo e pragueje o amanhã esquecido,
pelos amantes mortos pelo orgulho.
coração vazio,
desvencilhe-se desse estado,
desse pecado,
dessa suposta cadência suiciada,
abrace o irreal
dos acordes esquecidos no silêncio,
e legitime essa linha de tênue
que nos separa dos signos reativos